domingo, 25 de janeiro de 2015

ZFM desperta interesse de universitários norte-americanos




O ano de 2015 começou com o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) atraindo a atenção internacional. Nesta segunda-feira (5), cerca de 20 estudantes do curso de Administração da Universidade Estadual de Ohio (The Ohio State University), dos Estados Unidos, visitaram a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) em busca de informações sobre o modelo ZFM e suas especificidades.

A comitiva foi recebida pelo coordenador-geral de Promoção Comercial da autarquia, Jorge Vasques, e pelo coordenador substituto de Estudos Econômicos e Empresariais da SUFRAMA, Renato Freitas, que proferiu palestra aos visitantes sobre o funcionamento do modelo de desenvolvimento regional.

Durante o encontro, ocorrido no auditório da autarquia, Freitas traçou um breve histórico do modelo ZFM, destacando o papel estratégico que a Zona Franca teve no desenvolvimento da Amazônia Ocidental. A logística de distribuição de produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) – com a utilização de multimodais – e a implantação de Áreas de Livre Comércio (ALCs), localizadas em áreas de fronteira do Brasil com países como Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela e Guiana, foram temas de destaque durante a apresentação.

Após explicar sobre os incentivos administrados pela SUFRAMA, pelo governo do Amazonas e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) na região, Renato Freitas reiterou que aquele que pretende obter vantagens por produzir na Zona Franca de Manaus, além de ter projeto aprovado pelo Conselho de Administração da SUFRAMA, “deve cumprir determinadas contrapartidas, como gerar emprego e renda e reinvestir parte dos lucros na região; buscar constantemente o aumento da produtividade e competitividade; e investir em recursos humanos, dentre outros”. Freitas também abordou os benefícios ambientais conseguidos a partir da implantação do PIM, que, por ofertar uma alternativa econômica não predatória, “permitiu a preservação de 98% da floresta nativa do Amazonas, riqueza natural reconhecida mundialmente”.

Resiliência

Diante dos constantes desafios econômicos mundiais enfrentados nestes últimos anos, Freitas destacou a capacidade de recuperação que o Polo Industrial de Manaus tem. “O PIM apresenta tendência crescente nos índices de faturamento e geração de empregos e se mostra resiliente, pois consegue se adaptar e se recuperar de crises econômicas, como a registrada em 2008. Basta ver as estatísticas registradas nos anos seguintes às crises”, lembrou.

Agradecimento

Ao final da palestra, os estudantes se esforçaram para, em português, agradecer à equipe da SUFRAMA pela apresentação realizada. A comitiva continua na cidade durante toda a semana. Neste período, realizarão visitas guiadas a empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus para conhecer o funcionamento das cadeias produtivas da região.




Márcio Gallo

PIM fatura R$ 80,3 bilhões de janeiro a novembro de 2014


06/01/2015

PIM fatura R$ 80,3 bilhões de janeiro a novembro de 2014
Layana Rios

O Polo Industrial de Manaus (PIM) registrou faturamento de R$ 80,3 bilhões entre os meses de janeiro e novembro de 2014, conforme os dados publicados nos Indicadores de Desempenho do PIM, sintetizados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA). O valor é 5,07% maior que o acumulado no mesmo período em 2013, quando o faturamento foi de R$ 76,4 bilhões. Já na comparação em dólar, o faturamento entre janeiro e novembro de 2014 (US$ 34.4 bilhões) é 3,31% inferior ao montante apurado no mesmo período de 2013 (US$ 35.6 bilhões).

Os segmentos Eletroeletrônico e Bens de Informática continuam sendo os principais responsáveis pelos números do PIM. Juntos, somaram, de janeiro a novembro, R$ 40,2 bilhões em faturamento, pouco mais da metade do valor total acumulado no PIM, e obtiveram crescimento de 5,33% em relação ao mesmo período de 2013. Entre os produtos que se destacaram em 2014 nestes segmentos, estão os televisores, com produção de 12,1 milhões de televisores com tela de cristal líquido (LCD) e 1,7 milhão de televisores com tela de plasma. As TVs de plasma, inclusive, apresentaram crescimento de 115,44% na produção. Os tablets também tiveram crescimento na produção de 15,18%, registrando 2,5 milhões de unidades produzidas de janeiro a novembro de 2014.

Outros segmentos que apresentaram crescimento no período de janeiro a novembro de 2014 foram o Metalúrgico, registrando faturamento de R$ 3,6 bilhões e crescimento de 15,43% em relação ao mesmo período do ano anterior; o Mecânico, com faturamento de R$ 4 bilhões e crescimento de 15,09%; o Termoplástico, que também faturou R$ 4 bilhões e apresentou crescimento de 10,45%; e o Químico, que faturou R$ 9,7 bilhões e registrou aumento de 5,30%. Cresceram ainda os subsetores Têxtil (71,48%), com faturamento de R$ 49 milhões; Bebidas (27,57%) faturando R$ 659,4 milhões; e Produtos Alimentícios (20,47%) com faturamento de R$ 219,8 milhões. O polo de Duas Rodas continua sendo impactado pelas dificuldades de acesso ao crédito para a compra de motocicletas no Brasil e teve queda de 3,73% no faturamento, registrando R$ 12,5 bilhões.

Além dos produtos já citados, obtiveram crescimento na produção no período de janeiro a novembro de 2014, os condicionadores de ar, tanto split system (crescimento de 21,98% e 3,6 milhões de unidades fabricadas) quanto o de janela (crescimento de 22,71% e 766,2 mil unidades). A produção de forno micro-ondas registrou crescimento de 17,76%, com 4,4 milhões de unidades fabricadas. Os aparelhos de GPS também registraram crescimento de 30,94%, com 129,6 mil unidades, e os gravadores e tocadores de DVD (incluindo Blu-ray) tiveram crescimento de 11,85%, com 2,6 milhões de unidades produzidas.

Na mão de obra, o mês de novembro registrou 118.485 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados, já a média mensal do ano está em 122.329, a maior média já registrada no PIM.

Ano estável

De acordo com o superintendente em exercício, Gustavo Igrejas, mesmo ainda sem os dados de dezembro consolidados, o ano de 2014 já pode ser considerado estável. “Nossos indicadores apontam estabilidade do modelo. Recuperamos nosso patamar de crescimento em informática, mantivemos a recuperação da produção de ar-condicionado registrada nos últimos anos e tivemos um ano de Copa com bons números na área de televisores. Se o polo de Duas Rodas não estivesse enfrentando uma forte crise de crédito, teríamos um crescimento considerável da ZFM em 2014. A crise em Duas Rodas, porém, não tem qualquer relação com a Zona Franca. Não cansamos de repetir que em qualquer lugar do País que este polo estivesse, enfrentaria os mesmos problemas agora, porque a questão é de mercado, as pessoas querem comprar motos, mas não conseguem financiamento. Fora a crise de Duas Rodas, não tivemos nenhuma queda acentuada, então posso classificar 2014 como um ano bom, estável”, afirmou Igrejas.

Veja em

cgcom@suframa.gov.br

"O GLOBO " Zona Franca de Manaus fecha 10 mil vagas Demissões são concentradas nos setores de motos e eletrodomésticos.



BRASÍLIA - A estagnação da economia atinge em cheio dois dos principais polos industriais da Zona Franca de Manaus: duas rodas e eletroeletrônicos. E a tendência é é a situação piorar em 2015, com o anunciado corte nos gastos públicos. A Zona Franca emprega 120 mil trabalhadores e tem contribuído para a geração de cerca de dois milhões de empregos indiretos em todo o país. Neste ano, entretanto, o polo industrial deve fechar 10 mil vagas, segundo estimativas do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam). E as contratações temporárias para o Natal caíram mais da metade, de 9,5 mil trabalhadores para 3,2 mil.

O diagnóstico de empresários e sindicalistas da região é que as razões da crise são a restrição ao crédito para aquisição de motocicletas, principalmente de baixa cilindrada (até 150 e usadas para trabalho de motoboys e mototaxistas) e a queda nas vendas de eletroeletrônicos, decorrente do esfriamento da economia. O quadro se agrava diante da falta de uma política industrial que estimule o desenvolvimento da região e de investimentos em pesquisa e em novas tecnologias. Os gargalos na infraestrutura local são um ingrediente a mais na piora da competitividade da Zona Franca.

As fábricas da Honda e da Yamaha demitiram este ano cerca de seis mil trabalhadores. O setor de eletroeletrônicos também vem eliminando vagas. Mas, além da queda nas vendas, boa parte dos cortes está concentrada em fábricas em processo de estruturação e que perderam mercado para as gigantes LG e Samsung, com tecnologia mais avançada.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Valdemir Santana, cita alguns exemplos de empresas que perderam espaço no mercado e estão enxugando o quadro de funcionários. A Philco, que foi vendida e teve a marca alugada para a Britânia, e a Lenovo (antiga CCE) vivem esse processo. Juntas, estas fábricas já demitiram 2,5 mil trabalhadores. Sony, Panasonic e Semp Toshiba, que empregavam em torno de nove mil funcionários e atualmente têm três mil, engrossam a lista.

Entre quinta e sexta-feira da semana passada, o sindicato homologou cerca de cem rescisões de trabalhadores da Semp Toshiba. Ligadas ao setor de eletroeletrônicos, as fábricas de plástico acumulam quatro mil demissões, pelas contas da entidade, motivadas principalmente pela proliferação das tevês com tecnologia LED, que utilizam menos esses materiais.

FALTA DE QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL
Mãe de três filhos, a assistente administrativa Ana Carolina Gomes, de 27 anos, foi demitida em outubro pela Philco, onde trabalhava desde 2012. Alegaram corte de custos. Outros 500 colegas também foram desligados na mesma época. Conseguir um novo emprego na região não está fácil.
— Quando surge uma vaga, eles exigem muita experiência, qualificação e cursos de especialização. Acontece que a gente não tem dinheiro para pagar esses cursos — queixa-se Ana Carolina.

O gerente de Relações Institucionais da Honda, Mário Okubo, informa que a fábrica deixará de produzir neste ano entre 120 mil e 130 mil motocicletas, queda de 10% em relação ao ano anterior. A fábrica suspendeu o expediente nas sextas-feiras em setembro e outubro e demitiu. Segundo o executivo, as vendas caíram devido às restrições ao crédito: de cada dez pedidos, oito são recusados pelas financeiras. Antes, era o inverso. Para ele, a situação tende a piorar em 2015, com a promessa de ajuste nas contas públicas, aumento nos juros e menos incentivo ao consumo.

O presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Eletroeletrônicos de Manaus, Celso Piacentini, disse que a situação não chega a ser “catastrófica” porque as empresas de tecnologia de ponta acabam absorvendo trabalhadores. Ele considera as demissões entre novembro e dezembro sazonais, pois nesse período do ano a indústria já produziu as encomendas. Destaca ainda que houve uma antecipação das vendas de televisores com a Copa do Mundo. Reforça, entretanto, a avaliação de que 2015 será um ano difícil:
— Prevemos um futuro mais apertado.
Valdemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, avalia que, além de política industrial, o governo tem que fazer que os recursos arrecadados pela Zona Franca para financiar pesquisa e desenvolvimento fiquem na região.
— Temos que desenvolver uma tecnologia nossa. Os centros de tecnologia das empresas instaladas na Zona Franca estão localizados fora do país — disse.

EMPRESÁRIOS ACUSAM TESOURO
O presidente do Cieam, Wilson Périco, acusa o Tesouro Nacional de reter os recursos arrecadados pela Zona Franca que deveriam ser investidos em programas de desenvolvimento da região. E, segundo Périco, cerca de R$ 1 bilhão foi destinado ao agronegócio e ao programa Ciência Sem Fronteira neste ano.

A burocracia do governo federal é outro problema. O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) foi criado em 2002 com investimentos de R$ 120 milhões, mas até hoje não tem modelo de gestão, quadro funcional, nem CNPJ. Ele foi idealizado para desenvolver projetos em cosméticos, medicamentos e alimentação, aproveitando os recursos naturais, como açaí, guaraná, buriti, mas, sem estrutura, utiliza apenas 30% de sua capacidade.
Para o professor da PUC-AM e consultor do Cieam, Alfredo Lopes, a Zona Franca só conseguirá caminhar sem depender dos incentivos federais (que foram prorrogados por mais 50 anos), se o governo adotar um plano para estimular o desenvolvimento da região, destravar os gargalos e patrocinar projetos para explorar o potencial da floresta.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) informou que está trabalhando para reestruturar o centro de biotecnologia: “Estamos trabalhando para estruturar processos críticos, como a compra de insumos, contratação de pessoal e atração de pesquisadores”. O texto diz ainda que, apesar das críticas, “a economia da região tem expansão acima da média nacional em 2014” e que a média mensal dos empregos até setembro está em 122 mil, índice histórico. Procurado, o Ministério da Fazenda e o Tesouro não se manifestaram.