sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Lançamento da Motocicleta Elétrica

Alguns anos depois de se instalarem no País, os fabricantes asiáticos estão conquistando mercado com novos produtos e parcerias - movimento que está dando ânimo à indústria após um primeiro semestre ruim, quando as vendas caíram 20% ante igual período de 2008. "A concorrência está muito mais acirrada", diz o o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Paulo Shuiti Takeushi. Prova do apetite chinês pelo mercado nacional é a estratégia do grupo CR Zongshen. Uma das cinco maiores fabricantes de motos da China, ela chegou ao Brasil em maio com a promessa de investir R$ 80 milhões, e o objetivo declarado de concorrer com as líderes Honda e Yamaha. Três meses após a estreia, comprou a brasileira Kasinski, do empresário Abraham Kasinsky. "A aquisição nos resolveu dois problemas: ganhamos uma marca pronta e com boa aceitação, além de um portfólio que inclui motos de alta e baixa cilindradas", diz Cláudio Rosa Júnior, presidente do grupo chinês no País, que vai adotar a marca Kasinski em suas motos.No Salão Duas Rodas, evento do setor que começa na próxima terça-feira, a companhia sino-brasileira mostrará 12 lançamentos, incluindo uma moto elétrica, a primeira a ser fabricada nacionalmente. Os produtos estão sendo fabricados na unidade industrial da Kasinski em Manaus. Em janeiro, porém, a companhia inicia a construção de um novo complexo industrial também em Manaus, com capacidade de produção de 180 mil unidades ao ano. Segundo o executivo do grupo, a intenção é obter 5% de participação de mercado em três anos.A Dafra, fundada pelo grupo Itavema há menos de dois anos e que acaba de fechar uma parceria com a chinesa Dachangjiang Group (DCJ), tem meta mais ambiciosa. A companhia quer 12% das vendas do setor no prazo de cinco anos. "Para isso precisamos ter uma linha mais ampla de produtos. As parcerias são um caminho seguro nessa direção", afirma o presidente da Dafra, Creso Franco, que prevê lançar um modelo a cada ano, a partir do acordo. Pelo menos cinco projetos já estão sendo desenvolvidos com os chineses da DCJ, maior fabricante de motocicletas da China, com produção de 26 milhões de unidades/ano. A Dafra também firmou uma parceria de transferência de tecnologia com a indiana TVS e mostrará os primeiros frutos no salão. COMPETIÇÃOOs investimentos estrangeiros têm estimulado os competidores já estabelecidos no mercado, acredita o presidente da Abraciclo. "Estamos vendo fabricantes lançarem novidades em suas linhas e aperfeiçoarem tecnologias. Elas foram obrigadas a buscar soluções, o que é muito positivo para a indústria." Os concorrentes também acirraram a disputa por preço, ao trazerem produtos competitivos, diz o executivo.Para o presidente da Sundown, Walther Biselli, além de demonstrar o potencial do mercado brasileiro, a chegada de novas marcas beneficia as empresas estabelecidas. "Todas estão tendo de trabalhar preço." Uma das cinco maiores fabricantes do País, a companhia vai lançar cinco modelos durante o Salão Duas Rodas. As novidades incluem o lançamento de um quadriciclo, o que representa um novo segmento para a empresa. "Ao contrário dos novos competidores, temos uma rede de vendas e assistência já madura, o que nos permite tempo para investir no desenvolvimento de produtos." RECUPERAÇÃOOutro motivo da retomada do ânimo dos fabricantes são os números das vendas no último trimestre, que devem dar sinais de recuperação. O resultado de setembro ainda não foi divulgado, mas as vendas de agosto cresceram 14% ante o mês anterior, segundo a Abraciclo."O período mais difícil foi ultrapassado", acredita o presidente da entidade. As empresas do setor devem comercializar 1,7 milhão de unidades este ano - abaixo dos 2 milhões de 2008, mas próximo do patamar de 2007. Algumas medidas, como a criação, por bancos oficiais, de uma linha de crédito com taxas de juros reduzidas para o segmento, ajudaram a indústria a respirar nos últimos meses. Segundo Takeushi, a iniciativa do governo está estimulando outras instituições financeiras a diminuir o custo dos financiamentos. Para os fabricantes, porém, o crédito ainda não foi normalizado. "Falta apetite das financeiras", avalia Cláudio Rosa, da Kasinski. Já o presidente da Dafra, Creso Franco, acredita que a recuperação ocorrerá apenas em meados de 2010.

Por O Estado de São Paulo - SP

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